domingo, 3 de maio de 2015

ENCALHEI NO MEU IDIOMA - #Paragrafão

De acordo com a wikipédia, pensamentos são "reações representativas causadas por estímulos de reações químicas internas ou fatores ambientais externos". Ok, mas que meio devemos utilizar para transformar essas abstratas reações representativas em algo definido e compreensível? A linguagem (corporal, verbal, simbólica, escrita, e até a vozinha que fica narrando os acontecimentos dentro da nossa cabeça), claro! Mas será que a linguagem é realmente uma ferramenta efetiva? Quantas reações representativas foram ignoradas simplesmente porque não puderam ser traduzidas em palavras? Quantas vezes modelamos as nossas reações representativas para que elas coubessem numa explicação verbal? E quantas vezes essas reações representativas, já previamente modeladas ao serem cuspidas para o mundo exterior, foram remodeladas quando escutadas e (talvez equivocadamente) interpretadas pelo receptor da cuspidela?  E será que verbalizar precariamente estas reações representativas não é mentir para nós mesmos quanto à amplitude delas? Será que a linguagem não é uma ferramenta fadada a tornar as coisas simplistas? É como se estivéssemos destinados a permanecer enclausurados em nossas próprias cabeças! A nossa lógica de pensamentos está intimamente ligada/limitada pelo idioma que falamos. Tudo bem que, segundo o compêndio Ethnologue, existem 6.912 idiomas em todo o mundo (além da possibilidade de centenas de outros idiomas não catalogados) e que cada um deles tem milhares de palavras que, por vezes, sequer podem ser traduzidas para outros idiomas. Contudo, a maioria gritante das pessoas só sabe falar uma ou duas línguas. Por isso, quando for abrir a boca para comentar as esquisitices de outro povo, ou quando for se gabar de sua notável inteligência, lembre-se: você e eu somos só criaturinhas medíocres encalhadas no(s) próprio(s) idioma(s). 

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