FATOS SOBRE SONHOS EM GERAL
- Novas evidências foram encontradas no sentido de que, ao contrário do que se acreditava, sonhos também acontecem em estágios que não o REM. Estes sonhos focam mais em eventos que aconteceram durante o dia, facilitando o estabelecimento de novas conexões com memórias, bem como consolidação de novas informações e descarte de memórias irrelevantes.
- Sonhos envolvendo emoções negativas tendem a ser mais vívidos porque nossos corpos reagem a cenários estressantes da mesma forma que reagiriam na vida real: mudando o ritmo cardíaco e a pressão sanguínea, o que ajuda a consolidar a memória dos sonhos.
- Quem dorme pesado tem menos chances de lembrar de seus sonhos, ao contrário de quem acorda várias vezes a noite.
- Não se sabe o porquê de sonhos serem esquecidos tão facilmente, mas alguns estudiosos sugerem que isto ajuda a manter nossas memórias reais separadas das memórias sonhadas.
- Durante o sonho não podemos ver a hora ou ler. Nossas mãos também tendem a ficar distorcidas. Por isso olhar para as próprias mãos é uma boa maneira de realizar os chamados "reality checks".
- A invenção da TV com cores aumentou o número de pessoas que sonham com cor.
FATOS SOBRE SONHOS LÚCIDOS
- Allan Hobson, professor em Harvard, diz que a lucidez é um estado intermediário entre o sono normal e a consciência. O sonho lúcido acontece durante o estado REM, quando normalmente encontram-se dormentes tanto a formação das nossas memórias, quanto nossa capacidade de reflexão. O diferencial da lucidez é que ativa o lobo frontal, que controla essas duas "funções dormentes".
- Cerca de 55% das pessoas já tiveram sonhos lúcidos. Deste grupo, quase 1/4 tem sonhos lúcidos ao menos uma vez por mês, e de 20% a 40% das pessoas não pode ou tem dificuldade em manipular os sonhos.
- Pessoas jovens são mais suscetíveis a sonhos lúcidos. Os "millenials" têm mais facilidade em lembrar dos sonhos do que a Geração X, por causa do intenso fluxo de informações vindas de telas e dispositivos.
- Meditação e videogames são passatempos associados com sonhos lúcidos.
- A habilidade de ter sonhos lúcidos pode estar ligada à introspecção e à quantidade de massa cinzenta no cérebro. Também foram conduzidos estudos para ligar a facilidade em ter sonhos lúcidos com nossa habilidade metacognitiva (pensar sobre como pensar).
- O primeiro sonho lúcido foi documentado pelos egípcios há 5000 anos.
INDUÇÃO
- Durante o sonho lúcido, a atividade cerebral produz uma assinatura elétrica com 40-Hz de alcance. Em 2014, a pesquisadora Usrula Vozz descobriu que aplicar uma corrente de 40-Hz à cabeça de quem está sonhando pode aumentar significativamente as chances de lucidez. Daí a grande quantidade de vídeos no youtube oferecendo batidas binaurais com 40-Hz.
- Alguns empreendedores entraram no mercado a fim de oferecer produtos que facilitem a indução de lucidez durante o sonho. Assim surgiram dispositivos como Aurora Headband (da iWink), Luci Dreamer (estimulador transcrinial) e Remee, que receberam amplo patrocínio em projetos de crowdfunding. Ainda assim, não encontrei review sobre estes produtos.
- A crítica a estas invenções é que não ajudam: o que funciona mesmo é se concentrar em ter um sonho lúcido. Segundo o professor Hobson, as pessoas não querem prestar atenção, querem uma solução rápida que não requeira qualquer esforço. As tentativas de criar um dispositivo para ajudar a domar os sonhos é uma utopia tecnológica, e promete mundos e fundos em troca de... bem, fundo$.
- Há também invenções como Dreamleaf, um suplemento alimentar já revisado por alguns usuários, que alegaram ter experienciado mais facilidade para lembrar dos sonhos após tomar as pílulas. Em alguns fóruns online, pessoas alegam que medicamento destinado a pacientes de Alzheimer's causam sonhos vívidos.
- Anotar os sonhos em um diário é uma maneira bastante efetiva de recordar os sonhos, o que aumenta as chances de lucidez. Outra técnica efetiva é acordar no meio da noite, ficar alguns minutos acordado e voltar a dormir. Finalmente, a terceira técnica mais reportada é a auto-sugestão antes de ir dormir que, aliada a reality checks (se perguntar regularmente se está sonhando), aumenta as chances de lucidez.
- A pesquisadora canadense Jayne Gackenbach afirma que passar muito tempo em espaços virtuais parece fazer gamers melhores em controlar os seus sonhos, uma vez que estão acostumados a entrar e sair da realidade. Neste sentido, óculos de Realidade Virtual devem servir para intensificar esta habilidade.
APLICAÇÕES E EXPERIMENTOS
- Uma nova pesquisa publicada no jornal Sports Sciences confirma que treinar a coordenação motora durante um sonho lúcido pode melhorar a performance na vida real. Esta melhora equivale àquela adquirida durante a "prática acordada". Isto porque os mecanismos que criam movimento físico real são semelhantes aos que criam movimento imaginário ou sonhado (em sonho lúcido). Este fato já cria expectativas quanto a possibilidade de treinar atletas que estão se reabilitando de lesões, ou até mesmo um novato que queira aprender uma habilidade perigosa.
- Alguns cientistas também vislumbram o sonho lúcido como ferramenta terapêutica para o tratamento de ansiedade ou fobias. A explicação é simples: a realidade simulada no sonho pode não ser real, mas as emoções ligadas a experiência certamente são. Assim, o sonho lúcido seria uma maneira de processar emoções reprimidas, o que ajudaria a diminuir a ansiedade e preocupações em geral. Não é a toa que budistas tibetanos usam sonho lúcido como caminho para iluminação.
- Quando dormimos, determinados neurônios bloqueiam os sinais que enviamos para que nosso corpo se mecha, o que causa a paralisia do sono. Durante este estágio, só os olhos continuam se mexendo (por isso REM → Rapid Eye Moviment → Movimento Rápido do Olho). Se aproveitando disto, Keith Hearne descobriu um procedimento que usa uma movimentação ocular pré-estabelecida para enviar determinados sinais de dentro de um sonho lúcido. O movimento é verificado por eletrodos que são posicionados próximos aos olhos, e serve para responder determinadas perguntas ou cronometrar tarefas feitas no "mundo dos sonhos". Foi por este método que, por exemplo, se descobriu que se movimentar nos sonhos leva mais tempo, talvez porque não temos um corpo físico para nos dar um feedback.
FONTES
NYMAG.COM
RAWSTORY
PSYCHCENTRAL
BUSTLE
THE GUARDIAN
THE DARTMOUTH
SCIENTIFIC AMERICAN
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