domingo, 23 de novembro de 2014

LEVE-ME DE VOLTA À INFÂNCIA

Quando pequenos, queremos coisas que independem da nossa vontade: brinquedos que somente nossos pais podem nos dar.
Quando maiores, queremos coisas que independem da nossa vontade: nos relacionar ou passar uma noite com pessoas (que nos parecem) atraentes.
Quando pequenos, estamos acostumados a escutar pessoas dizendo como somos belos, e prestarem toda atenção a qualquer coisa nova que fazemos.
Quando maiores, nos produzimos por desejarmos ter a beleza reconhecida, e falamos incessantemente sobre nós mesmos  a fim de atrair interesse e atenção de todos.
Quando pequenos, tudo o que nos cerca parece ser gigante. 
Quando crescidos, apreciamos construções grandes e imponentes.
Quando pequenos, espontaneamente gritamos, gargalhamos, corremos até suar, dançamos e pulamos de felicidade. Tudo é novo, colorido, brilhoso, interessante.
Quando adultos, bebemos e nos drogamos para obter tal efeito.
Tudo o que fazemos quando adultos é tentar desesperadamente reproduzir a experiência da infância. Isto me faz indagar: o que há de tão especial na infância? 
Para começar, naquela época da vida não eramos tão conscientes acerca de nós mesmos. Não havia temor quanto a críticas, pois sabíamos que ninguém liga. Não tínhamos noção de tempo, pois o único tempo que existia era o presente. Não nos preocupávamos tanto em projetar o futuro, pois estávamos ocupados tornando o presente produtivo. Fazíamos amigos com maior facilidade, escolhíamos nossos passatempos, não pautávamos as ações em modas e tendências. 
A infância é a única época da vida em que somos plenamente espontâneos. Depois disso, passamos a ser influenciados pelo meio, pelas pessoas, pelas tendências e pela vontade de agradar alguém que consideramos importantes.
Portanto, sempre que aquelas velhas perguntas "quem sou eu?" ou "qual a minha vocação?" vier lhe atormentar, olhe para trás e lembre-se de seu eu infantil. Pergunte-se: "o que eu teria feito se fosse uma criança?". 

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