Acabei de assistir Lucy. O filme conta com uma série de efeitos visuais, tem a delícia da Scarlett Johansson como protagonista e o divo absoluto Morgan Freeman também faz parte do elenco.
Outro ponto positivo é o ritmo da narrativa, que acaba por prender a sua atenção à trama que não é lá aquelas coisas.
Contudo, é óbvio que meu cérebro cricri ficou vasculhando o filme até encontrar 1001 defeitos. Dentre estes defeitos, parar mim o mais irritante é a falta de verossimilhança. A verossimilhança é a acreditabilidade do filme (diferentemente de veracidade, que diz respeito a ser verdadeiro ou não). Assim, um universo pode ser ficcional (ou seja, não verídico) e verossímil, desde que a lógica por trás desse universo ficcional seja bem construída. É o caso dos universos de Harry Potter e de Senhor dos Anéis, por exemplo.
(Esse vídeo fala exatamente sobre veracidade e verossimilhança)
O que acontece é que, pra começar, o filme Lucy é todo baseado na premissa falsa de que usamos somente 10% do nosso cérebro. Segue um trecho (livremente traduzido) do que é explicado no vídeo "7 mitos a respeito do cérebro que você pensou que fossem verdadeiros".
A maioria dos filmes e livros de ficção científica nos fazem acreditar que humanos podem utilizar apenas 10% do cérebro, o que é absolutamente sem sentido. Graças à tecnologia moderna de escaneamento cerebral, nós sabemos que usamos tudo o tempo inteiro. Não necessariamente tudo de uma vez. Quando você caminha, por exemplo, a parte do cérebro associada a movimentos está mais ativa do que outras áreas. No entanto, não há nenhuma parte do cérebro que não faz nada. Ele representa 3% do peso do corpo e usa 20% da nossa energia. Este é um cérebro ocupado.Segue a integralidade do vídeo, que está em inglês mas tem opções de legendas nas configurações. O trecho que traduzi aqui tem início em 1min e 10segs.
Agora de volta ao que interessa. Uma vez que a premissa básica do filme já foi desbancada e as explicações dadas ao longo da história são bem pouco convincentes, fica a impressão de que tudo não passa de uma desculpa pseudo-complexa para holywoodianices. Em outras palavras: botaram o tio Freeman a usar sua voz sedutora e sábia pra arrotar um monte de balela sem sentido, só pra "explicar" o fato de que a Scarlett virou ninja do dia pra noite.
Aliás, a Scarlett não só vira ninja, como ela começa a adquirir conhecimentos e se expandir, entrando em contato com tudo ao seu redor. No final das contas ela faz o upload de seu conhecimento para um pendrive e, quando questionada onde está, afirma estar em todo lugar. Se você já viu o filme Transcendence (que também tem o Morgan Freeman, por sinal) deve ter percebido a semelhança entre as ideias.
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