A impressão que eu tenho é a de que a maioria das pessoas não está, de fato, preocupada com a redução da criminalidade. A redução da criminalidade se alcança aplicando medidas que trazem oportunidades aos jovens.
O que vejo quase sempre é uma série de discursos inflamados, passionais, normalmente de alguém se coloca no lugar de um familiar ferido que acaba de perder alguém, ser abusado ou algo do tipo. Não vejo nada de mal em ter empatia por quem sofre, muito pelo contrário. Creio que a falta de empatia é um dos grandes problemas existentes na pós-modernidade, e está por trás de muitos atos de intolerância e preconceito.
Contudo, não podemos nos deixar cegar pelo sentimento de indignação que nos toma quando somos noticiados acerca de crimes cometidos por jovens. Por mais que nosso reflexo seja querer punir, temos que diferenciar justiça de vingança. Mais ainda, temos que sopesar os efeitos:
- Por um lado, vinga-se a família da vítima, joga-se o jovem (que muitas vezes cresceu pobre e sem oportunidades) em meio a adultos que estão há tempos no mundo do crime, e acaba-se com quaisquer chances de ressocialização. Quando o apenado finalmente deixa o sistema penitenciário (que, por sinal, não tem capacidade para suportar o aumento da população carcerária que a redução da maioridade causaria), o faz após ser influenciado e estigmatizado. As chances de reincidência crescem.
- Por outro lado, aplica-se ao jovem uma sanção diferenciada, busca-se ressocializá-lo (o que já é tarefa difícil na situação atual) e, em longo prazo, talvez sejamos beneficiados por jovens não reincidentes.
Eu sei que este discurso parece frio, e que nossa reação é a de querer que o infrator pague pelo que fez. Contudo, não podemos nos eximir de pensar nos efeitos a longo-prazo que as políticas têm na sociedade, em especial quando estamos falando de políticas de controle do crime.
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