A pesquisa pelo posicionamento da Harvard Medical School foi bastante efetiva e rápida. Uma das primeiras páginas sugeridas pelo Google é o próprio sítio institucional, que você pode acessar clicando aqui. Caso você não consiga a língua inglesa, segue um resumo das principais informações disponibilizadas.
CLOROQUINA E HIDROXICLOROQUINA
Segundo a publicação, que à época de minha consulta havia sido atualizada dia 23/6 (meu aniversário!), estudos preliminares demonstraram que a hidroxicloroquina e a cloroquina matam o vírus COVID-19 na placa de laboratório. Segundo observado, os medicamentos dificultam a ligação do vírus à célula, impedindo que o vírus entre; no entanto, se o vírus ainda assim conseguir entrar na célula, as drogas o matam antes que ele possa se multiplicar.
Quanto à azitromicina, sabe-se que há alguma ação anti-inflamatória, mas não há grandes informações sobre sua ação contra o COVID-19.
O júri ainda não divulgou se esses medicamentos, isoladamente ou em combinação, podem tratar a infecção viral por COVID-19. A postagem menciona os estudos que associam problemas cardíacos e ineficácia na prevenção à CQ e HCQ, porém ressalta que alguns desses estudos foram criticados ou realizados com irregularidades.
Por fim, o texto termina com a seguinte recomendação:
A cloroquina ou a hidroxicloroquina com ou sem azitromicina não devem ser usadas para prevenir ou tratar a infecção por COVID-19, a menos que esteja sendo prescrita no hospital ou como parte de um ensaio clínico.Os ensaios clínicos em andamento e prestes a serem iniciados para avaliar a eficácia desses medicamentos estão sendo retomados.
OUTROS TRATAMENTOS/PREVENTIVOS
O site da Harvard Medical School não aborda apenas a cloroquina/hidroxicloroquina. Apesar de a mídia (em especial aqui no Brasil) e o governo estarem hiperfocados nestes medicamentos, outras opções estão sob análises em diferentes instituições (vide a postagem sobre Stanford):
- Plasma Convalescente: o plasma do sangue de pacientes recuperados possui anticorpos e é usado no tratamento contra COVID-19. Referido tratamento já é adotado em alguns hospitais brasileiros. No entanto, requer estímulo à doação de plasma.
- Dexametasona: assim como outros corticosteróides, trata-se de droga com efeito anti-inflamatório potente. Assim como a CQ e a HCQ, são facilmente disponíveis e baratos. Em ensaios clínicos recentes, a dexametasona diminuiu o risco de morte em pacientes críticos. Contudo, até 23/6 os resultados da pesquisa não passaram pela revisão cuidadosa dos resultados. Muitos médicos estão tratando pacientes muito doentes com corticosteróides desde o início da pandemia, em virtude dos casos de respostas hiperimune (por vezes letal) que danifica os pulmões e outros órgãos. Cabe, contudo, a realização de estudos para definir o melhor momento para a administração dessa droga.
- Remdesvir: desenvolvido para tratar várias outras doenças virais graves (como ebola, p. ex.), o medicamento funciona inibindo a capacidade do coronavírus de se reproduzir e fazer cópias de si mesmo. No laboratório, ele inibiu a capacidade dos coronavírus que causam a SARS e a MERS infectar células em uma placa de laboratório. A droga também foi eficaz no tratamento desses coronavírus em animais. Estudos em humanos estão em andamento. Um estudo, publicado no New England Journal of Medicine, comparou o remdesivir com um placebo em mais de 1.000 pessoas hospitalizadas com COVID-19. Constatou-se que os pacientes que receberam remdesivir se recuperaram mais rapidamente do que aqueles que receberam um placebo (11 dias para o remdesivir e 15 dias para o placebo). A eficácia em pacientes mais críticos, no entanto, foi bem menor. O tratamento, ao contrário da CQ e HCQ, é aprovado pelo FDA.
- Vitaminas C e D: segundo a publicação,"não há evidências de que o uso de vitamina C ajude a prevenir a infecção pelo coronavírus". Ademais, "altas doses podem causar vários efeitos colaterais, incluindo náusea, cãibras e aumento do risco de pedras nos rins". Já "a vitamina D pode proteger contra o COVID-19 de duas maneiras. Primeiro, pode ajudar a aumentar a defesa natural de nossos corpos contra vírus e bactérias. Segundo, pode ajudar a prevenir uma resposta inflamatória exagerada".