sexta-feira, 24 de julho de 2020

O QUE HARVARD DIZ/DISPONIBILIZA SOBRE A CLOROQUINA (CQ) E HIDROXICLOROQUINA (HCQ)

A pesquisa pelo posicionamento da Harvard Medical School foi bastante efetiva e rápida. Uma das primeiras páginas sugeridas pelo Google é o próprio sítio institucional, que você pode acessar clicando aqui. Caso você não consiga a língua inglesa, segue um resumo das principais informações disponibilizadas.

CLOROQUINA E HIDROXICLOROQUINA


Segundo a publicação, que à época de minha consulta havia sido atualizada dia 23/6 (meu aniversário!), estudos preliminares demonstraram que a hidroxicloroquina e a cloroquina matam o vírus COVID-19 na placa de laboratório. Segundo observado, os medicamentos dificultam a ligação do vírus à célula, impedindo que o vírus entre; no entanto, se o vírus ainda assim conseguir entrar na célula, as drogas o matam antes que ele possa se multiplicar.
Quanto à azitromicina, sabe-se que há alguma ação anti-inflamatória, mas não há grandes informações sobre sua ação contra o COVID-19. 
O júri ainda não divulgou se esses medicamentos, isoladamente ou em combinação, podem tratar a infecção viral por COVID-19. A postagem menciona os estudos que associam problemas cardíacos e ineficácia na prevenção à CQ e HCQ, porém ressalta que alguns desses estudos foram criticados ou realizados com irregularidades. 
Por fim, o texto termina com a seguinte recomendação:
A cloroquina ou a hidroxicloroquina com ou sem azitromicina não devem ser usadas para prevenir ou tratar a infecção por COVID-19, a menos que esteja sendo prescrita no hospital ou como parte de um ensaio clínico.Os ensaios clínicos em andamento e prestes a serem iniciados para avaliar a eficácia desses medicamentos estão sendo retomados.

OUTROS TRATAMENTOS/PREVENTIVOS


O site da Harvard Medical School não aborda apenas a cloroquina/hidroxicloroquina. Apesar de a mídia (em especial aqui no Brasil) e o governo estarem hiperfocados nestes medicamentos, outras opções estão sob análises em diferentes instituições (vide a postagem sobre Stanford):
  • Plasma Convalescente:  o plasma do sangue de pacientes recuperados possui anticorpos e é usado no tratamento contra COVID-19. Referido tratamento já é adotado em alguns hospitais brasileiros. No entanto, requer estímulo à doação de plasma.
  • Dexametasona: assim como outros corticosteróides, trata-se de droga com efeito anti-inflamatório potente. Assim como a CQ  e a HCQ, são facilmente disponíveis e baratos. Em ensaios clínicos recentes, a dexametasona diminuiu o risco de morte em pacientes críticos. Contudo, até 23/6 os resultados da pesquisa não passaram pela revisão cuidadosa dos resultados. Muitos médicos estão tratando pacientes muito doentes com corticosteróides desde o início da pandemia, em virtude dos casos de  respostas hiperimune (por vezes letal) que danifica os pulmões e outros órgãos.  Cabe, contudo, a realização de estudos para definir o melhor momento para a administração dessa droga. 
  • Remdesvir: desenvolvido para tratar várias outras doenças virais graves (como ebola, p. ex.), o medicamento funciona inibindo a capacidade do coronavírus de se reproduzir e fazer cópias de si mesmo. No laboratório, ele inibiu a capacidade dos coronavírus que causam a SARS e a MERS infectar células em uma placa de laboratório. A droga também foi eficaz no tratamento desses coronavírus em animais. Estudos em humanos estão em andamento. Um estudo, publicado no New England Journal of Medicine, comparou o remdesivir com um placebo em mais de 1.000 pessoas hospitalizadas com COVID-19. Constatou-se que os pacientes que receberam remdesivir se recuperaram mais rapidamente do que aqueles que receberam um placebo (11 dias para o remdesivir e 15 dias para o placebo). A eficácia em pacientes mais críticos, no entanto, foi bem menor. O tratamento, ao contrário da CQ e HCQ, é aprovado pelo FDA.
  • Vitaminas C e D: segundo a publicação,"não há evidências de que o uso de vitamina C ajude a prevenir a infecção pelo coronavírus". Ademais, "altas doses podem causar vários efeitos colaterais, incluindo náusea, cãibras e aumento do risco de pedras nos rins". Já "a vitamina D pode proteger contra o COVID-19 de duas maneiras. Primeiro, pode ajudar a aumentar a defesa natural de nossos corpos contra vírus e bactérias. Segundo, pode ajudar a prevenir uma resposta inflamatória exagerada".



sexta-feira, 17 de julho de 2020

O QUE A STANFORD UNIVERSITY DIZ/DISPONIBILIZA SOBRE A CLOROQUINA E HIDROXICLOROQUINA

Após realizar minha pesquisa na plataforma do MIT, em busca de artigos produzidos/disponibilizados pela instituição, segui em frente com a investigação. 

OBS: caso algum estudo recente tenha sido realizado pela instituição quando você estiver lendo este post, favor mencionar nos comentários para que eu possa fazer a errata.
STANFORD UNIVERSITY
Na minha busca pelo posicionamento da Stanford Med acerca da cloroquina (CQ) e da hidroxicoloroquina (HCQ), descobri que em abril a instituição optou por realizar testes clínicos com a droga Remdesvir, preterindo assim a CQ e a HCQ.  Em entrevista publicada na plataforma da universidade, Stanley Deresinski, chefe da divisão de doenças infecciosas, afirmou: 
Sabe-se há 50 anos que a hidroxicloroquina possui propriedades antivirais inespecíficas. Mas, por enquanto, o remdesivir é o nosso agente preferido. 
Aruna Subramanian, professor que atua na área de doenças infecciosas, acrescentou:
A cloroquina está sendo usada um pouco demais sem o estudo adequado. [...] Preferimos ser orientados por dados, tanto quanto possível.
O presidente do departamento de Medicina de Stanford, Robert Harrington, realça a importância dos dados, do rigor científico e de testes clínicos randomizados:
Não podemos depender de histórias anedóticas para praticar a melhor medicina clínica. Temos que esperar pela ciência.
Em maio, os pesquisadores da Stanford lideraram ensaio clínico de interferon-lambda para COVID-19, conforme noticiado no site da instituição. Por fim, mais recentemente (no início de julho), começaram as pesquisas por participantes nos testes clínicos com a droga Favipiravir, segundo reportado pela universidade.
Apesar do alerta quanto à importância de testes clínicos randomizados, a plataforma med.stanford disponibilizou o ensaio clínico não randomizado que é aludido (e criticado pela falta de rigor científico) no artigo disponibilizado pelo MIT. Referido ensaio foi realizado pelo  Méditerranée Infection University Hospital Institute, de Marseille com uma amostra de 36 pacientes. Sua conclusão foi que as drogas antimaláricas, somadas à azitromicina, estão associadas à redução da carga viral de COVID-19. Como já comentei sobre ele no post sobre o MIT, não vou me repetir, mas você pode acessar o inteiro teor da pesquisa aqui e aqui.

No próximo post da série, veremos o posicionamento de Harvard quanto a medicamentos que se propõem a tratar a COVID-19. Fiquem ligados, sejam analíticos, PESQUISEM ANTES DE ABRIR A BOCA e até mais!!!

quarta-feira, 15 de julho de 2020

O QUE O MIT DIZ/DISPONIBILIZA SOBRE A CLOROQUINA E HIDROXICLOROQUINA

Encontramo-nos em meio a uma disputa acirrada entre a esquerda e a direita, uma pandemia global de COVID-19 e uma crise econômica que não deve dar trégua tão cedo. Para piorar, 'informações' contradizentes surgem de todos os cantos. Como consequência, a confusão generalizada se instala, dando margem à politização dos tópicos mais variados (inclusive científicos!). Contudo, felizmente contamos uma ferramenta fantástica chamada internet, que nos possibilita a realização de pesquisas e acesso ao acervo de instituições consolidadas. Assim resolvi conduzir minha própria pesquisa sobre cloroquina (CQ) e a hidroxicloroquina (HCQ), considerando as descobertas de universidades com reconhecidos programas de ciências naturais. Segue abaixo meu primeiro achado: um artigo disponibilizado pela MIT, considerada a melhor universidade do mundo. 
OBS: caso algum estudo mais recente tenha sido realizado pela instituição quando você estiver lendo este post, favor mencionar nos comentários para que eu possa fazer a errata.
MIT - Massachusetts Institute of Technology
O MIT disponibilizou esse artigo (também acessível aqui) sobre o assunto. 
RESUMO ► a publicação contém alertas quanto à toxicidade dos medicamentos (potencialmente fatal em tratamentos pediátricos) e problemas cardíacos. Afirma que a CQ pode causar convulsões e que o envenenamento pelo uso de ambas as substâncias pode ser tratado pelo uso intravenoso de altas doses de Diazepam e outros métodos . Conclui, assim:
A evidência científica atual não suporta tratamento ou uso profilático desses agentes para a doença de COVID-19. As autoridades reconhecem que CQ e HCQ podem oferecer pouco benefício clínico e apenas adicionar riscos, exigindo investigação adicional antes da distribuição pública mais ampla.
OUTRAS INFORMAÇÕES ► O artigo menciona dois casos: duas pessoas que foram hospitalizadas na Nigéria com overdose de HCQ; e um casal do Arizona que ingeriu fosfato de cloroquina preventivamente e acabou parando na emergência (o homem veio a falecer).
A seguir, é mencionada a falta de rigor em alguns testes. Como exemplo o artigo alude a um estudo francês no qual foram administradas doses diárias de 600mg de HCQ aos  pacientes. Dependendo da condição clínica, a azitromicina foi adicionada ao protocolo de tratamento. Durante o estudo, a carga viral dos pacientes era verificada e os autores afirmaram que "o tratamento com hidroxicloroquina estava significativamente associado à redução ou desaparecimento da carga viral em pacientes com COVID-19 e seu efeito foi potencializado ou 'reforçado' quando a azitromicina foi adicionada ao regime de tratamento". Os problemas apresentados pelo estudo são: amostra pequena (apenas 36 pacientes), limitado acompanhamento a longo prazo, 6 pacientes abandonaram o estudo, houve exclusão dos pacientes mais doentes, o uso da azitromicina não foi uniforme, houve falta de estudo randomizado ou grupo de controle verdadeiro. 
Ainda, segundo o artigo publicado pelo MIT, "o prolongamento do intervalo QT causado por esses medicamentos antimaláricos também pode ser exacerbado pela coadministração de azitromicina, particularmente em pacientes doentes com doença cardiovascular preexistente ou em pacientes com desequilíbrios eletrolíticos".
Foram citados os posicionamentos do FDA (no sentido de se ter cautela para não criar falsa e esperança e assumir o risco de causar mais dano do que vantagem) e da OMS (que ressaltou a importância de testes clínicos eticamente aprovados).
Por fim, em relação aos pronunciamentos do presidente Trump, o artigo concluiu: 
Acreditamos firmemente que outras proclamações do Poder Executivo que não sejam compatíveis com evidências médicas devem ser evitadas. Porque, se não houver benefício para uma terapia, só poderá haver riscos. 
No próximo post da série, veremos o posicionamento de Stanford. Fiquem ligados, sejam analíticos, PESQUISEM ANTES DE ABRIR A BOCA e até mais!!!