segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

CIDADES FANTASMA NA ÁFRICA


(Beogombo Deux, na República Centro-Africana, foi destruída pelo governo entre 2005 e 2008)

(Ilha dos Tigres, na Angola, foi abandonada quando o nível do oceano subiu demais nos anos 70)

(Chinguetti era um centro de trocas medieval no século XIII)

(Kolmanskop, na namíbia, foi habitada enquanto as minas de diamante ainda davam lucro)

(Sawakin/Suakin, situada no Sudão, foi completamente abandonada pela segunda vez em 1922, tendo o primeiro abandono sido devido a conflitos ocupacionais)

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

CHECK LIST

Abrir os olhos e lamentar.
Se debater até conseguir rastejar.
Vomitar ao contrário.
Sentir a fraqueza se espalhar pelos seus ossos.
Contar os segundos.
Não saber o porquê de estar contando os segundos.
Tentar arrancar fora a própria pele.
Se humilhar por migalhas de condescendência.
Escutar declarações enquanto te pisoteiam.
Fotografar tudo isto e expor com orgulho.
Trilhar novamente o mesmo dia e ter vontade de explodí-lo.
Esconder-se num universo ficcional barato.
Sentir-se dormente.
Descobrir que um dia sentirá saudades disso e que concluirá que não fez o suficiente.
Entrar em coma por algumas horas.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

UM MONTE DE COISAS MISTURADAS



(por Philip Jackson)


Tornar-se confiante é bom, mas seria interessante se as pessoas não aliassem esta confiança à inflexibilidade e excesso de orgulho. Me parece que quanto mais "gordo" o ego, mais facilmente as pessoas se sentem afrontadas e, por conseqüência, erguem suas vozes e entram em conflito. 

Ao receber a notícia de que Jair Bolsonaro havia aprontado mais uma, me recusei a seguir em frente e investigar. A questão é: desde as primeiras demonstrações de ignorância que ele deu, não me sinto mais inclinada a lhe dar qualquer tipo de atenção. Eu o faria, se isso fosse mudar alguma coisa. Contudo, pessoas bitoladas normalmente o são porque se fecham para as opiniões alheias, e se recusam a sair da sua bolha de valores invariáveis e arcaicos. Pra que perder o seu tempo? Pra que dar ibope para um político que só quer impactar com o objetivo de atrair voto de uma parcela conservadora da sociedade?

Navegando pelas redes sociais, normalmente esbarro com postagens que fazem surgir aquela dúvida: será que a profundidade deste sujeito vai além da minha capacidade de compreensão, ou ele simplesmente está arrotando nonsenses pra parecer intelectual?

Outro clássico dos sites de relacionamento: pessoas levantando bandeira com base em opiniões formadas apressadamente, só para causar algum impacto e dar a falsa impressão de que têm "personalidade forte".

O mais triste de tudo é que não sei até que ponto eu tenho conseguido evitar o cometimento destas gafes.

Vou contratar a Xuxa pra catar as uvas passas do meu arroz à grega.

Não entre no Google Trends se você teme esbarrar em algum spoiler.

Há uma proliferação de lagartixas gordas se esgueirando pelas paredes e batucando contra as portas de madeira. O verão chegou.




domingo, 23 de novembro de 2014

LEVE-ME DE VOLTA À INFÂNCIA

Quando pequenos, queremos coisas que independem da nossa vontade: brinquedos que somente nossos pais podem nos dar.
Quando maiores, queremos coisas que independem da nossa vontade: nos relacionar ou passar uma noite com pessoas (que nos parecem) atraentes.
Quando pequenos, estamos acostumados a escutar pessoas dizendo como somos belos, e prestarem toda atenção a qualquer coisa nova que fazemos.
Quando maiores, nos produzimos por desejarmos ter a beleza reconhecida, e falamos incessantemente sobre nós mesmos  a fim de atrair interesse e atenção de todos.
Quando pequenos, tudo o que nos cerca parece ser gigante. 
Quando crescidos, apreciamos construções grandes e imponentes.
Quando pequenos, espontaneamente gritamos, gargalhamos, corremos até suar, dançamos e pulamos de felicidade. Tudo é novo, colorido, brilhoso, interessante.
Quando adultos, bebemos e nos drogamos para obter tal efeito.
Tudo o que fazemos quando adultos é tentar desesperadamente reproduzir a experiência da infância. Isto me faz indagar: o que há de tão especial na infância? 
Para começar, naquela época da vida não eramos tão conscientes acerca de nós mesmos. Não havia temor quanto a críticas, pois sabíamos que ninguém liga. Não tínhamos noção de tempo, pois o único tempo que existia era o presente. Não nos preocupávamos tanto em projetar o futuro, pois estávamos ocupados tornando o presente produtivo. Fazíamos amigos com maior facilidade, escolhíamos nossos passatempos, não pautávamos as ações em modas e tendências. 
A infância é a única época da vida em que somos plenamente espontâneos. Depois disso, passamos a ser influenciados pelo meio, pelas pessoas, pelas tendências e pela vontade de agradar alguém que consideramos importantes.
Portanto, sempre que aquelas velhas perguntas "quem sou eu?" ou "qual a minha vocação?" vier lhe atormentar, olhe para trás e lembre-se de seu eu infantil. Pergunte-se: "o que eu teria feito se fosse uma criança?". 

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Resumo do livro "Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas", de Dale Carnegie

Não critique, condene ou reclame.
Aprecia honesta e sinceramente.
Suscite um desejo ardente nas pessoas.
Se torne genuinamente interessado nas outras pessoas.
Sorria.
Lembre do nome das pessoas. 
Seja um bom ouvinte.
Encoraje os outros a falarem de si mesmos.
Fale sobre coisas que interessem outras pessoas.
Faça as outras pessoas sentirem-se importantes, e faça com sinceridade.
Evite discussões. 
Mostre respeito pela opinião alheia.
Nunca afirme que as outras pessoas estão erradas.
Se você está errado, admita rapidamente.
Comece a resolver seus problemas de forma amigável.
Bloqueie a resistência dos outros fazendo perguntas lógicas que façam o outro dizer "sim".
Deixe a outra pessoa falar.
Deixe a outra pessoa acreditar que a ideia foi sua.
Tente enxergar através do ponto de vista alheio.
Seja compreensivo com as ideias e desejos das pessoas.
Apele a motivos nobres.
Dramatize e demonstre suas ideias.
Desafie.
Quando precisar apontar algum problema, comece apreciando honestamente algo positivo.
Aponte os erros de forma indireta.
Admita seus próprios erros antes de apontar os dos outros.
Faça perguntas ao invés de dar ordens.
Não fira a imagem/reputação da outra pessoa. 
Reconheça e elogie cada pequeno progresso.
Atribua reputações às pessoas para que elas se esforcem em mantê-las.
Encoraje.
Faça a dificuldade parecer pequena e fácil de resolver.
Dê motivos para a outra pessoa se sentir feliz em fazer o que você está pedindo.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

COMENTANDO #2



SOBRE JULIEN BLANC


 O americano Julien Blanc ocupa-se de palestras voltadas a rapazes que desejam aprender a arte de "pegar mulheres". Se tu tem um pouquinho de noção de inglês, já deve ter lido os dizeres da blusa acima e percebido que lá vem bomba. A questão é: pick up artists não vêm de agora. Lembro de ter assistido uma matéria na globo, que abordou o assunto como se fosse a coisa mais normal e legal do mundo. Eu fico pensando comigo: que tipo de pessoa vai nessas palestras? Porque, por mais triste que isso soe, se o cara está sobrevivendo disso, é porque tem um público cativo de idiotas iludidos que acham que esse é o tipo de coisa que se aprende com tutorial. A questão é, se tu quer despertar interesse em alguma moça, comece tendo a consciência de que mulher não é objeto pra ser "pega" e deixe de adotar esta postura de quem está constantemente tentando ludibriar as meninas. Você não tem que iludir ou "manejar" ninguém. Uma ficada/namorada/whatever deve ser uma experiência proveitosa para as duas partes, caso em que ninguém precisará ser manipulado ou ludibriado.

 DUROU POUCO 


 A atualização, sobre a qual comentei no último post, não foi bem recebida. A princípio achei que o desgosto tinha vindo de mim e meia dúzia de outras pessoas (que não gostam de ficar respondendo tudo o tempo todo), mas felizmente descobri que há um grande número de pessoas que reagiram mal. Felizmente por quê? Porque isso levou o WhatsApp a tomar uma medida no sentido de atualizar o aplicativo, oferecendo a opção de mostrar ou não esta informação. :) 

 SOBRE O CHINÊS OSTENTAÇÃO 



 Um rapaz chinês comprou 99 iPhones 6, empilhou-os em forma de coração e, em público, pediu a mão da sua namorada. A parte da notícia que normalmente gera irresignação é o fato de a moça ter dito "não". Bem, aqui vão algumas considerações: 
1 - Por mais belo que seja um gesto que você faça, seus sacrifícios não tornam ninguém obrigado a assumir o compromisso (supostamente) eterno de ficar ao seu lado. 
2 - Ta vendo aquele amontoado de pessoas em volta? São amigos do rapaz que levou o toco. Um (ou mais de um) vazou o vídeo da desgraça. Que amigo! 
3 - Qual a função dos iPhones? Quando eu ouvi falar do incidente, imaginei que os celulares seriam utilizados para alguma ilusão, reprodução conjunta e o diabo a quatro. No entanto, tudo o que vejo são caixas brancas empilhadas em forma de coração. Querido, existe uma pá de objetos que podem ser alinhados em formas diversas, tu não precisa jogar dinheiro fora pra atingir este objetivo. Aliás, tudo me leva a crer que a presença dos amigos e a dívida em iPhones 6 foram uma forma de botar pressão na moça. Well: TOMOU NO

SOBRE OS PLAYOFFS


 Semana passada rolaram os playoffs (fase classificatória que termina com a escolha do top12) do The Voice americano. Esta temporada anda me empolgando tanto quanto a temporada 5 (saudades Tessane Chin). Por isto vou comentar resumidamente o que rolou. Antes de cada técnico descobrir o seu top 3, rolou uma apresentação dos times. A minha apresentação preferida veio do Team Gwen, que cantou Riptide. 


Depois da apresentação, cada time se reuniu diante dos técnicos. Dois seriam salvos pelo público americano, enquanto o terceiro seria escolhido pelo técnico. 
TEAM BLAKE: é o meu time favorito, apesar de eu não curtir country music. Para a minha felicidade, a decisão da plateia e do Blake foram de acordo com meu gosto pessoal. A primeira a ser salva foi a Reagan James, que entre todos os competidores é a minha favorita. Também foram salvos o Craig Wayne Boyd (pelo público) e a Jessie Pitts (pelo Blake, que inteligentemente concentrou todos os fãs de country no Craig). 
TEAM PHARELL: o primeiro a ser salvo foi o Luke Wade, que tem o tom de voz bem agradável, apesar de as apresentações dele serem meio lineares. DaNica Shirey (que me lembra muito a Red the Orange is the new black) também não faz meu estilo, mas tenho a consciência de que ela tem controle e técnica de sobra e entendo sua permanência. Dos três que restaram, Pharell escolheu salvar Sugar Jones, sabe-se lá Deus porquê. Tudo bem que a Jean exagera no drama, mas ela canta muito melhor que a Sugar. E mesmo que a Jean tenha cometido erros na última performance, não se pode dizer o mesmo do Elyjuh Rene, que fez três técnicos aplaudirem de pé e entregou provavelmente a melhor performance dos playoffs. A questão é: tem ficado bem claro que o Pharell tem uma tendência a aprovar o que a Sugar Joans faz, mesmo que ela erre as notas e dê umas rosnadas meio desafinadas. Enfim: não entendir
TEAM GWEN: Taylor e Anita são, nesta ordem, os meus preferidos do time da Gwen. Felizmente eles foram, também nesta ordem, salvos pelo público americano. Eu não gostava muito do Taylor em princípio, mas mudei de opinião após os knockouts. A Anita me ganha mais pela presença de palco, embora a voz e o estilo musical dela sejam legais. Dentre os outros três, a Gwen escolheu o Ryan Sill. Aliás, a relação dela com ele é semelhante à relação de apego entre o Pharell e a Sugar. No entanto, apesar de achar o estilo do Ryan meio água com açúcar, acho a voz do Ricky enjoativa. Quanto à Bryana, não curto ela pelo mesmo motivo que nunca curti a Christina Grimmie: gritarias agressivas e power pop apelativo. No fim das contas, melhor ficar com o Ryan mesmo... 
TEAM ADAM: a performance deste time foi, ao meu ver, a pior delas. A harmonia ficou meio estranha, exceto pelos últimos minutos da apresentação. Então veio o momento da decisão e o Damien foi salvo primeiro, para a minha surpresa (achei que o Matt viria primeiro). De toda sorte, acho a voz do Damien bem bonita, apesar de achar as escolhas de música dele meio tediosas. Enfim, depois veio o cara que eu achei que ia reunir bastante votos: o Matt McAndrew. Ficou para o Adam escolher entre o Taylor Phelan, o Chris Jamison e a Mia Pfirrman. A Mia tem bastante recurso de voz, apesar de fazer o estilo "menina gritadeira". O Taylor Phelan ganha mais pelo estilo e pela personalidade. Aí tem o Chris que, pra mim, não tem nem o potencial vocal, tampouco a personalidade definida. Adivinha com quem o Adam foi? o Chris! Once again: não entendir.

domingo, 16 de novembro de 2014

MÚSICAS DA INFÂNCIA

Segue aqui uma lista de todas as músicas ruins (de acordo com o meu gosto/padrão, obviamente) que escutei durante a infância:





































sexta-feira, 14 de novembro de 2014

IMAGENS LEGAIS #4

(por Laurindo Feliciano)

(crédito na foto)

(por Alastair Magnaldo)

(crédito na foto)

(crédito na foto)

(por Lhianne)

(???)

(Giovani Kosoki)

(???)

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

PALAVRAS APRENDIDAS - Francês #3


Il faut - é necessário

Il neige - está nevando/neva

(Je) Reçois - recebo

Possède - possui

Cochon - porco

(Je) sais - sei

Combien - Quanto?

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Resumo do livro "Outsiders", de Howard S. Becker


Grupos sociais criam regras a respeito do que seja certo e errado, e tentam impô-las. As vezes estas regras são normas formais impostas pelo Estado; às vezes são tradições informalmente impostas pela sociedade. Quem desvia dessas regras é considerado um outsider.
Diferentes grupos têm diferentes conceitos de “desviante”. Para a concepção estatística, desvio é o que difere do comum. Para a analogia médica, a sociedade é um organismo com partes funcionais e partes disfuncionais. Na concepção sociológica, desvio é infração à regra geralmente aceita.
A questão é que existe normalmente uma situação ambígua, na qual o indivíduo, ao observar a regra de um grupo, está quebrando a regra de outro.
A categoria de desviantes não é homogênea, existindo pessoas rotuladas que nunca infringiram regras, e pessoas que infringiram regras e nunca foram rotuladas. O desvio não é uma qualidade do ato, mas uma consequência da reação dos outros. Depende da natureza do ato e da reação alheia. Se os outros não reagem/ficam sabendo, não é punição e rotulação. A reação também varia conforme o indivíduo em questão (se é branco, negro, rico ou pobre, tem tratamentos diferentes).
Os detentores de poder político e econômico são os criadores das regras.  Grupos cuja posição social lhe dá armas e poder são mais capazes de impor suas regras. Estas regras são impostas muitas vezes às pessoas que não pertencem àquele grupo e àquela lógica, e que não concordam com as normas.
TIPOS DE DESVIO

Comportamento apropriado
Comportamento infrator
Percebido como desviante
Falsamente acusado
Desviante puro
Não percebido como desviante
Apropriado
Desviante secreto

Modelo sequencial de desvio: é aquele que compreende que, para se chegar a uma conduta desviante, é necessário que se dê uma série de passos. Dentro deste modelo há a concepção de carreira.
Existem pessoas que tem comportamentos desviantes intencionalmente, e outras que estão tão submersas em sus subculturas que o fazem não-intencionalmente (não sabia que era inapropriado). A diferença entre o desviante e o não desviante não reside na motivação. A maioria das pessoas tem impulsos desviantes, porém algumas resistem e outras não. Aqueles que resistem pensam nas consequências, e em todo o esforço já empregado em ser “normal”. Os que não resistem não têm  compromissos convencionais (ter uma família, emprego estável, reputação) ou usam as técnicas de neutralização  de Sykes e Matza.
Muitas atividades desviantes vêm de motivos socialmente aprendidos. Ser pego praticando essas atividades tem a consequência da rotulação e da mudança da identidade pública, e a opinião alheia acaba moldando o rotulado. O tratamento dado ao desviante toma a opinião pública como certa, a sociedade exclui o desviante, e ele é empurrado à clandestinidade e prática de desvio maior.
A posse de um traço desviante faz as pessoas presumirem outras características associadas (presumir que o ladrão é negro, pobre, favelado, etc.). Há também status que se sobrepõem a outros, sendo o desvio um deles. Há casos em que o indivíduo deixa de praticar a conduta, mas ainda assim recebe o mesmo rótulo. O pertencimento a grupo de desviantes solidifica o rótulo. O grupo desviante racionaliza a conduta e justifica-la.
Os motivos desviantes não levam ao desvio; o desvio é que produz a motivação.
USUÁRIOS DE MACONHA
Aprender a técnica para produção de efeitos (observando o grupo) >> aprender a perceber os efeitos (e liga-los à conduta, diferenciando do estado normal) >> aprender a gostar dos efeitos (redefinir efeitos ambíguos como agradáveis, por meio de interação com mais experientes). Só após atravessar estas experiências o indivíduo pode desenvolver uma motivação. Desenvolvendo esta motivação, o indivíduo se defrontará com formas formais e informais de controle social, que dificultarão a prática daquela conduta (no caso do uso de maconha: limitação do fornecimento, sigilo imposto pelo medo da reprovação e punições, valores morais de outsiders contra os quais surgem justificativas e racionalizações).
MÚSICOS
As culturas e subculturas se caracterizam por serem formadas por pessoas que têm entendimentos e perspectivas em comum. As subculturas são aquelas que operam dentro de uma sociedade mais ampla. Na subcultura dos músicos, existem aqueles que buscam o sucesso convencional (se tornando comerciais) e os que se atêm aos seus padrões artísticos (mantendo o respeito dos demais músicos). Existe também o paradoxo entre tocar o que quer e se sustentar. É a necessidade do dinheiro que faz o músico ceder.
O músico vê a si e aos seus colegas como pessoas com um dom especial que as torna diferentes de não-músicos (quadrados) e que não estão sujeitas ao seu controle social. O quadrado é o intolerante e ignorante que tem condições de impor a sua vontade. A quadradice está em todos os aspectos do quadrado; o avanço e a excentricidade está em todos os aspectos do músico. O quadrado são todos aqueles que não são músicos e que sabem menos.
A hostilidade em relação aos quadrados, o horário diferenciado de trabalho e a linguagem diferenciada acabam levando à auto-segregação.
As panelinhas facilitam o acesso de músicos comerciais aos empregos, por meio das indicações mútuas e assunção da responsabilidade pela qualidade do músico indicado. A família é uma instituição que pressiona o músico ao comportamento convencional, ou faz com que ele seja comercial para prover.
Interesse pessoal, iniciativa e publicidade influenciam da imposição de regras. Nas cidades grandes há a chamada “reserva”, sentimento que as pessoas têm de que “isto não é problema delas”, ao menos que sejam afetadas. A imposição fica a cargo das autoridades. Podem ocorrer de as regras não serem impostas pois os grupos se beneficiam de ignorar as infrações. Se a conciliação entre os interesses do grupo falha, alguém toma a iniciativa de denunciar o desvio. Neste caso, o acesso aos canais de publicidade vai ser fator importante para o impacto da denúncia.
ESTÁGIOS DE IMPOSIÇÃO DE REGRAS
Primeiramente surgem os valores, que são genéricos demais para serem usados como guia de ação. Deles são deduzidos regras específicas. Mais de uma regra pode se adequar ao mesmo valor. Algumas regras não surgem visando atender ao valor, mas sim à necessidade técnica de regular instituições. Por fim as regras são aplicadas, de forma seletiva, ao caso concreto.
Os valores por trás da proibição das drogas são o auto-controle e combate ao prazer ilícito. Nos Estados Unidos, em nome desses valores a Agência americana de narcóticos criou um clima favorável por meio da imprensa, causando preocupação popular. Em reação a esta preocupação, causada pela própria agência, ela mesma cuidou de legislar a respeito da restrição da planta que origina a maconha. Vários setores de produção foram afetados e barganhas políticas levaram às concessões. Por fim foi imposta a lei sem oposição, dado que os usuários não estavam organizados para contra-atacar.
CRIADORES DE REGRAS
Os cruzados morais impõem sua moral aos outros. Muitos têm motivações humanitárias e desejam ajudar, embora as vezes não saibam se a pessoa ajudada concorda com os meios de ajuda. Também há a questão da busca de apoio de pessoas com conhecimento técnico, como psiquiatras e juristas, que ficam encarregados da elaboração das leis e podem influenciá-las conforme interesse próprio. Uma cruzada bem sucedida acaba com a criação de regras e mecanismos adequados de imposição, bem como o surgimento de outsiders. Com seu término, seu criador vai buscar outros problemas a enunciar. Uma cruzada mal sucedida acaba com pessoas ressentidas, que esquecem da causa e se ocupam com a manutenção da luta, ou que se tornam elas mesmas outsiders.
IMPOSITORES DE REGRAS
São os policiais, que não se preocupam com o conteúdo da regra, mas com a existência de uma que justifique seu emprego. As agências oscilam entre alegações de que o problema “está sendo enfrentado adequadamente”, e o problema “está crescendo, mas não por culpa da agência”. O impositor rotulará a pessoa de desviante se: sentir que precisa dar uma demonstração de trabalho para justificar sua posição; o infrator não mostrar o devido respeito ao impositor; se o intermediário não entrar em ação; e se o ato estiver na lista de prioridades do impositor, que não pode abranger todas as infrações ao mesmo tempo.
O problema da análise destes problemas é o distanciamento causado pela falta de artigos e estudos. Isso se dá porque os artigos e estudos requerem aproximação de grupos que, por serem outsiders, se escondem e não dão confiança. Ademais, para entender este grupo, é necessário adotar a lógica dele. Ao fim, a pesquisa será tachada de tendenciosa. Qualquer que seja o grupo escolhido para se estudar (os impositores ou os outsiders), não se pode enxergar as pessoas como vilãos e heróis. Deve-se entender a situação como algo valorado diferentemente por diferentes pessoas.
A TEORIA DA ROTULAÇÃO RECONSIDERADA
As pessoas agem de forma coletiva, observando o que os outros fazem. O desvio também se dá de forma coletiva, de modo que de nada serve analisar o estado psicológico de desvios isoladamente.  Também é importante estudar as condutas separando-as da valoração (“desvio”) atribuída a elas, afinal um ato será diferentemente valorado conforme o grupo que o analisa.
As pessoas que cometem desvios têm as mesmas motivações daqueles que praticam atos comuns. É importante observar ações e reações e tirar conclusões de forma empírica, ao invés de se basear em registros oficiais, que também resultam de ações coletivas.

A abordagem interacionista também questiona o monopólio da verdade que as pessoas de poder têm, sugere que procuremos a verdade nós mesmos, e faz com que questionemos definições (de conduta “desviante” ou conduta “normal”) dadas por estas autoridades. As autoridades atacam os cientistas adeptos desta abordagem, acusando-os de ignorar os valores morais e serem tendenciosos.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

COMENTANDO #1


SOBRE DANI CALABRESA E MARCELO ADNET



Essa semana a urubuzada brasileira resolveu tagarelar sobre o matrimônio alheio. Ocorre que o Marcelo Adnet foi flagrado beijando uma moça, que não era a Dani Calabresa, ato que ficou registrado no cartão de memória de um stalker paparazzi sem escrúpulos.
Conforme a notícia foi se espalhando, posicionamentos começaram a pipocar por todos os cantos. Comentários machistas defenderam o Adnet e comentaram a aparência da Calabresa, enquanto outras pessoas iradas (!) tomaram a defesa da comediante. Nenhum dos comentários levou em conta a possibilidade de o casal ter um relacionamento aberto, estar em vias de se separar, ou simplesmente não querer discutir questões de lealdade na frente de todo-fucking-mundo.
Como resposta ao ocorrido, Adnet desculpou-se na rede social e Calabresa abordou o assunto de forma despreocupada durante o CQC. Obviamente que os paranoicos já surgiram com teorias de conspiração sobre como os dois estão abafando uma separação iminente. De todo o caso, isso é problema deles, então vamos falar de coisa importante: vamos falar sobre a iogurteira top the

SOBRE A CARA DA DONATELLA VERSACE

 


Pra quem não sabe, a Donatella Versace é uma designer de moda. Isto significa que beleza é um conceito com o qual ela lida diariamente. Isto posto, eu me pergunto: como uma pessoa como ela, que presumidamente tem bom gosto, assume a aparência de um alien?
Tudo me leva a crer que a preocupação exagerada com qualquer coisa, e não só com beleza, acaba distorcendo a sua visão sobre aquela coisa, até o ponto em que o seu gosto e a sua opinião destoam completamente daquilo que se tem por comum.
É o que aconteceu com a Donatella Versace, é o que aconteceu com a Renée Zellweger, com a Yulia Volkova (que sequer chegou aos 30 ainda!), com a Meg Ryan e com várias outras atrizes que, pelo visto, não compreenderam que envelhecer com elegância é melhor que se tornar um boneco de cera.


SOBRE A ATUALIZAÇÃO DO WHATSAPP


Existem múltiplas formas de atrair a atenção de um usuário para o seu aplicativo/rede social. Uma destas formas é simplesmente torná-lo mais interessante. Outra destas formas é usar de artimanhas que forcem os usuários ao uso assíduo.
A mais recente atualização do whats (que agora informa o momento em que você lê a mensagem), a exemplo da maneira como o Facebook empurrou o aplicativo do Messenger à goela baixo, é uma destas artimanhas. 
Logo, se você quer ler as mensagens e colocar o celular de lado, deixando para responder seus contatos em um momento mais oportuno, digo uma coisa: pode esquecer. Aparentemente o protocolo é responder imediatamente para não ser acusado de fazer pouco caso, ser mal educado, dentre outras coisas.

LÁ VEM O MARCO... DE NOVO!


O Leandro Beninca (autor da famigerada frase "taca-lhe pau neste carrrinho!") foi convidado pra comentar a Fórmula 1 ao lado do Galvão Bueno. Ao que me parece, a Globo não entendeu que memes são caracterizados não só pela rapidez com que a graça surge, como também pela rapidez com que a graça vai embora. Agora a Globo parece aquele seu parente velho que larga umas gírias ultrapassadas pra parecer descolado.

COMENTÁRIOS RÁPIDOS SOBRE...

...a forma sobre como, sempre que eu agradeço por algo estar dando certo, este algo imediatamente começar a dar errado;
...como os comentaristas esportivos da RBS estavam desolados com o resultado do Grenal (4x1), o que me dá a impressão de que os caras são pagos para torcer, e não para analisar;
...como a MTV mudou durante os anos, deixando de ser o canal que transmitia clipes do Nirvana e desenhos estilo Daria e Beavis and Butt-head, pra ser o canal que baba ovo de artistas pop sem noção e seriados mal escritos sobre assuntos "comerciais" (vide Awkward e Faking It).


sexta-feira, 7 de novembro de 2014

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

PALAVRAS APRENDIDAS - Francês #2


Faisons - fazemos 

Ronde - redondo

Qui - quem

Poivre - pimenta

Ceinture - cinto

Croit - crê


Sale - sujo

Boisson - bebida

 Confiture - geléia

Achète - compra

Doivent - devem

Habits - roupas

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Resumo do livro "Criminologia Crítica", de Alessandro Baratta


TEORIAS DAS SUBCULTURAS CRIMINAIS E TEORIAS DAS TÉCNICAS DE NEUTRALIZAÇÃO: são formas que o delinquente encontra para racionalizar a conduta desviante, neutralizando a eficácia dos valores e normas sociais.
a)     Exclusão da responsabilidade – “fui levado pelas circunstâncias”;
b)    Negação de ilicitude – “é proibido, mas não imoral”, uso de nomes alternativos para atos;
c)     Negação de vitimização – “vítima merece o tratamento”;
d)    Condenação dos que condenam – pessoas são hipócritas, polícia é corrupta, etc;
e)     Apelo a instâncias superiores – irmãos, gangs, circulo de amigos, etc.
A teoria destes autores representa uma correção e integração da teoria das subculturas. A formação de uma subcultura é a mais difusa e eficaz técnica de neutralização. Para Sykes e Matza, é através da aprendizagem destas técnicas que o menor se torna delinquente, e não tanto mediante aprendizado de valores opostos aos da sociedade dominante. O comportamento delinquencial está baseado num sistema de valores e regras, derivados do contato com a sociedade conformista, e das exceções e justificações aprendidas nos contatos com subculturas e desviantes.
A teoria das subculturas liga criminalidade à distribuição de oportunidades e riquezas. Esta teoria não se coloca o problema das relações sociais e econômicas sobre as quais se fundam a lei e os mecanismos de criminalização e estigmatização, que definem sujeitos e condutas como “criminosos”. Também não se fala sobre o significado dos desvios e o porquê dos processos de criminalização na sociedade capitalista. É uma teoria de médio alcance: parte da análise de determinados setores sociais, permanecendo dentro dos limites destes setores, ao invés de questioná-los.
LABELING APPROACH
A distinção entre comportamento criminoso e lícito depende mais da definição legal do que do caráter bom ou mau de uma atitude. O problema da definição do delito é o centro das teorias da reação social ou labeling approach.  Estas teorias procuram entender o sistema penal, começando pelas normas abstratas e chegando até a ação das instâncias oficiais de controle. Se essas instâncias não agem de modo a alcançar aquele comportamento punível, a pessoa não é tachada de delinquente e não é estigmatizada.  Ao contrário das demais teorias, a LA questiona os objetos “criminoso” e “criminalidade” ao invés de toma-los como certos e tê-los como ponto de partida.
>>Orientação sociológica do LA: de acordo com o internacionalismo simbólico, a realidade social é constituída por interações concretas entre indivíduos; a estas interações é conferido um significado através do processo de tipificação. Esta tipificação é parte do processo de construção social, que forma a realidade social.
A ação é o comportamento ao qual se atribui um sentido ou um significado social, dentro da interação. Existem normas sociais gerais (normas éticas e jurídicas) e normas interpretativas, As segundas determinam a interpretação e aplicação das primeiras, e estão na base das interações sociais.
Labeling approach seguem duas direções: questiona o efeito do que o etiquetamento tem sobre os “rotulados” como criminosos; questiona a definição do que seja conduta desviada, bem como a distribuição do poder de definição.
>>Efeitos da estigmatização: Lemert afirma que a punição leva a uma mudança de identidade do indivíduo estigmatizado, levando-o a permanecer naquele ‘papel’. Assim, o desvio primário se dá pelo contexto social, cultural e psicológico; já o desvio secundário se dá pelos efeitos psicológicos à punição causada pelo desvio primário. Assim, a intervenção do sistema penal consolidam a personalidade desviante mais do que reeducam o delinquente.
Paradigma do controle: a) quais condições da atribuição de significados do desvio (dimensão da definição); 2) qual o poder que confere validade a certas definições (dimensão do poder);
A definição de conduta desviada é feita não só pelas agências, mas também pelo senso comum. Para Kitsuse o desvio é um processo durante o qual alguns indivíduos: a) interpretam um comportamento como desviante; b) definem uma pessoa, cujo comportamento corresponda a esta interpretação, como fazendo parte de uma categoria de desviantes; c) põem em ação um tratamento apropriado para esta pessoa. É a interpretação do comportamento que decide se ele é ou não desviante. Por isso, na teoria do LA, as interrogações deixam de se voltar à criminalidade e passam a se voltar à criminalização.
O que é a criminalidade: isso se apreende pela observação da reação social (que deve ser desencadeada) frente a um ato. O ato criminoso distingue do que se tem por “normal”, perturba a percepção e causa sentimento de indignação, embaraço, culpa, etc. Também não entram nas exceções da convencionalidade (dava pra fazer outra coisa?) e teoricidade (o autor tinha consciência do que fazia?)
O processo de definição é um processo de tipificação. Só sobre a base daquela realidade já pré-constituída e tomada por dada é possível “reconhecer” uma situação e atribuir-lhe um significado desviante.  Isto se produz segundo um processo de negociação, no qual se parte de definições preliminares e convenções provisórias, e se realizam redefinições até chegar numa definição definitiva. As definições informais (senso comum) preparam as formais (agências). Teorias do labeling approach reduzem a criminalidade à definição legal e ao efetivo etiquetamento.
A sociologia criminal do ultimo decênio tem dois novos campos de investigação: a) criminalidade de colarinho branco; b) cifra negra. A) A criminalidade de colarinho branco é pouco perseguida, ou consegue escapar pelas brechas da lei. Isso se dá por fatores de natureza social (prestígio, fraca estigmatização, ausência de estereótipos, etc.), jurídico formal (competência das CPIs) ou econômica (ter dinheiro para pagar melhor advogado e exercer pressão em quem decide, p.ex.). B) as estatísticas criminais, nas quais a criminalidade de colarinho branco é mal representada (grande cifra negra), sugerem um falso quadro da distribuição da criminalidade nos grupos sociais. Isto influencia na formação de estereótipos da criminalidade, na ação de órgãos oficiais (aplicação seletiva) e na definição de criminalidade pelo senso comum. As pesquisas sobre cifra negra levam à conclusão de que a criminalidade  é comportamento presente em todos estratos sociais.
No direito existem as regras gerais e as “meta-regras” (como interpretar e aplicar as primeiras). Estas meta-regras estão ligadas a leis, mecanismos e estruturas objetivas da sociedade.
SELEÇÃO DA POPULAÇÃO CRIMINOSA
Por trás da seleção da população criminosa estão os mesmos mecanismos de interação, antagonismo e poder que dão conta da desigual distribuição de bens e oportunidades entre indivíduos. A ideia de que “crime é comportamento que viola uma norma penal” é mera ficção, pois se interpretado literalmente, a maioria das pessoas seriam tidas como criminosas. Sack acredita que a criminalidade é uma qualidade atribuída pelos juízes, que produzem a qualidade criminal da pessoa com as consequências jurídicas e sociais.  A criminalidade é um bem negativo, e o comportamento desviante é o que os outros definem como desviante.
A função seletiva do sistema penal em face dos interesses específicos dos grupos sociais, a função de sustentação que tal sistema exerce em face dos outros mecanismos de repressão e de marginalização dos grupos sociais subalternos, em benefício dos grupos dominantes, parece, portanto, colocar-se como motivo central para uma crítica da ideologia penal.
O PROBLEMA DA DEFINIÇÃO DA CRIMINALIDADE
1)    Problema metalinguístico: por causa da validade das definições de crime, criminoso e criminalidade (atribuição da qualidade “criminoso”);
2)    Problema teórico: referente ao poder de estabelecer quais pessoas e crimes devem ser perseguidos;
3)    Problema fenomenológico: efeitos do etiquetamento sobre a pessoa.