Introversão e timidez são coisas diferentes. Segundo Susan Cain, introvertidos recarregam suas baterias estando as sós; extrovertidos precisam recarregar quando eles não socializam o suficiente. Introversão e extroversão, contudo, não são uma classificação binária. É um espectro: algumas pessoas vão mais para um extremo e outras pessoas se aproximam mais do outro.
Shawna Courter explica a ideia de "ressaca introvertida", que acontece quando um introvertido tem a agenda cheia de eventos sociais, não havendo tempo para ficar sozinho e recarregar suas bateriais mentais. Essa ressaca muda ligeiramente de pessoa para pessoa, mas existem alguns sintomas mais comuns, tais como zunidos nos ouvidos, vista cansada e mãos suadas. Nesta situação você sente que sua mente quer se desligar e há uma necessidade de bloquear estímulos e buscar isolamento num ambiente confortável (o lar!).
Uma pesquisa feita na Universidade de Virgínia apurou que extrovertidos preferem receber pequenas descargas elétricas a passar muito tempo encarando o nada. De outro lado, passar horas perdido em pensamentos não parece incomodar os introvertidos.
NÃO É TÃO SIMPLES ASSIM
Há quem argumente que se rotular de introvertido pode limitar a maneira como você se entende. Isto porque introversão/extroversão é só uma das 5 dimensões da personalidade. As outras são:
- Agreeableness (Amabilidade) → Determina a orientação em relacionamentos, demonstrando o quão caloroso, amoroso e acomodado alguém pode ser.
- Conscientiousness (Conscienciosidade) → Relativo a maneira como se lida com responsabilidades. Pessoas mais conscientes são mais responsáveis e menos inovadoras.
- Neuroticism (Neuroticismo) → Diz respeito a quanto estimulo sobrecarrega alguém. Tem a ver com ansiedade e preocupação.
- Openness (Receptividade) → Referente a necessidade de experienciar coisas novas e encontrar novas informações.
Assim como acontece com introversão/extroversão, estas quatro outra dimensões também são espectros (você pode não ser só um dos extremos, mas sim ter um pouco de cada).
Para complementar, Jonathan Cheek criou quatro subcategorias dentro do conceito de introversão. Assim, existem os introvertidos:
- sociais: preferem interagir com grupos pequenos e familiares ou trocar a socialização por livros, horas no computador, etc;
- pensativos: são introspectivos e criam mundos inteiros dentro de suas mentes;
- ansiosos: procuram solidão por se sentir constrangidos e inseguros quando tentam socializar;
- e contidos: operam de forma mais lenta, sempre pensando muito antes de falar ou agir.
Uma pessoa pode ter diferentes percentuais de cada tipo de introversão, o que retoma a ideia de espectro aludida anteriormente.
O CÉREBRO INTROVERTIDO: ALGUNS FATOS
- Introvertidos processam informação mais lentamente, razão pela qual ficam exaustos tentando acompanhar o ritmo das ideias fluindo ao seu redor. O lado positivo disso é que introvertidos precisam de muito menos estímulos para se sentirem satisfeitos.
- Introvertidos frequentemente têm mais massa cinzenta no cortex prefrontal em áreas relacionadas com pensamentos abstratatos e profundos, bem como planejamentos. Este fato aponta para uma tendência menor a comportamentos impulsivos e maior vulnerabilidade a ansiedade e depressão.
- Pesquisas neurológicas têm mostrando que extrovertidos liberam mais dopamina - hormônio do bem estar - em situações de recompensa e também ao se conectar com outros seres humanos. Isto significa que os extrovertidos dependem mais de interações sociais para se sentirem satisfeitos do que suas contrapartes.
- Em 2010 estudiosos descobriram que o cérebro de um extrovertido "acende" ao ver rostos, enquanto o cérebro de um introvertido trata rostos humanos, imagens de cães, flores e paisagens da mesma forma.
FONTES
THE GUARDIANNEW YORK MAGAZINE
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