domingo, 19 de julho de 2015

TUDO AO MESMO TEMPO E NADA A DECLARAR

     Por quantas vezes a ideia de fazer algo lhe animou mais que a própria feitura da coisa? Quantos livros acumulamos na nossa lista de "vou ler" do skoob? E quantos capítulos lemos antes de colocar estes livros na lista de "abandonados"? 
     Somos - vou me incluir bem incluída nesta crítica - a geração das listas. Gostamos de acumular títulos, categorizar coisas (e pessoas) e ter um objetivo abstrato que permanecerá abstrato para sempre. Não nos aprofundamos em nada. Trocamos os livros por artigos, os artigos por textões, os textões (como este) por parágrafos de reflexão, e os parágrafos de reflexão por tweets
     No celular, jogamos as telas de um lado para outro, mas raramente lemos os seus conteúdos. As séries que assistimos são de curta duração, ou são séries longas com vários enfoques curtos em núcleos/personagens diferentes. Os filmes que mais gostamos são aqueles que se desenvolvem rapidamente (daí o sucesso dos remakes, que não precisam se demorar muito na introdução, uma vez que todo mundo já sabe o que aconteceu). 
     Até os youtubers têm compactado os seus vídeos, num esforço de adaptação para cybersobrevivência. São poucos os que ousam cruzar a marca dos cinco minutos, e menos ainda os que passam do 7º. A forma de se expressar tem que ser objetiva e as informações muitas vezes são cuspidas rapidamente, em especial quando o conteúdo do vídeo é informativo (AsapSCIENCE, CrashCourse etc.). 
     Mas o pior de tudo é que este problema também pode ser verificado nas relações humanas. Nos relacionamos por conveniência: nos aproximamos porque a pessoa está ali, e enquanto ela está ali. Ninguém precisa mover uma palha, pois acha que ter a pessoa no whatsapp vai fazer com que o contato surja sozinho, miraculosamente. Ademais, pra  que perder tempo com alguém quando temos o Tinder fervilhando com novos rostinhos encimando uma frase de efeito manjada? 
     Queremos tudo e não experienciamos nada. Tenho a impressão de que temos um milhão de coisas para serem lembradas, mas não recordamos de qualquer uma porque todas foram emocionalmente irrelevantes. Essa irrelevância emocional, por sua vez, decorre da nossa falta de comprometimento. Tá faltando paciência pra explorar, persistência pra suportar os lados desagradáveis das coisas/pessoas, e humildade pra entender que o universo não tem o dever de nos entregar tudo o que é perfeito (até porque não existe tal coisa no universo, caso você não tenha notado). 

domingo, 12 de julho de 2015

REVIEW DO SUPERSTAR 2015

Então, minha gente. O programa acaba de acabar e cá vou eu fazer o balanço do que aconteceu durante esta temporada, a começar pelas bandas que passaram pelo palco do programa:
Big Time Orchestra - A banda conta com instrumentalistas experientes, releituras muito interessantes e um vocal rouco bem foda. Apesar disso, apresentaram poucos trabalhos autorais e, quando o fizeram, levaram um pé na bunda. Vai entender!
Consciência Tranquila - Sobra integrante, mas falta personalidade. A banda tem vários vocalistas que cantam bem, mas só isso não basta (ao menos não nesse reality em particular). Enfim: um Black Eyed Peas do Paraguai. 
Devir - Começou no apelation, fazendo mashup e releitura de músicas que estão bombando nos charts do mundo inteiro. Contudo, mais para frente apresentou trabalhos autorais interessantes e com identidade. A vocalista parece que engoliu um amplificador.
Dois Africanos -  Rola um contraste interessante entre os vocais e personalidades dos dois integrantes. A dicção as vezes (quase empre) é difícil de entender, mas as melodias conquistaram o público. Apesar disso, acho que eles 'gastaram' as melhores canções cedo, de modo que - ao meu ver - a partir da terceira participação a dupla começou a decair.
Dona Zaíra - Por um lado, roupas bizarras e poucas músicas autorais. Por outro lado, a sonoridade da banda e a voz do frontman são bastante agradáveis.
Eletronaipe - A banda do cara do The Voice.
Falange - Cantam e tocam bem, porém são bregas e só fizeram cover.
Kita - Tem alguns traços que me remetem a Metric, Sonic Youth e Controller.Controller. Bastante original, com uma vocalista estilosa detentora de uma puta voz, e instrumental para encher a sala. Faz muito bem em compor em inglês, já que a gringa oferece muito mais oportunidades às bandas novatas do que o Brasil.
Lucas e Orelha - Parecem uma versão mais R&B de Claudinho e Bochecha. Ganharam o carinho da plateia segurando mãozinha e chorando (a Fernanda Lima não acredita em suas lágrimas). São bons no que eles fazem... Pena que o que eles fazem é chato para caralho. 
Os Gonzagas - Têm um vocalista bonito e muitos coverzes. Lembro de ter assistido uma música autoral, que era ruim e resultou na eliminação da banda.
Reverse - Saiu bem cedo, apesar de ter um letrista que entende dos paranauês artísticos. Tem qualidade, apesar de eu não ser tão fã de pop rock meladinho.
Scalene - Uma mistura de Legião Urbana com várias bandas alternativas estrangeiras. Ganhou bastante aprovação com as músicas mais lentas, apesar de que as minhas preferidas foram aquelas com explosão e uma pegada mais agressiva. Tiveram problema com o playback durante a final do programa.
Scambo - Rock Alternativo meets MPB. Músicas rápidas, porém melódicas. O vocalista soa calmo, claro e agradável. Infelizmente a banda saiu bem cedo, na mesma noite em que a Kita e a Supercombo bateram ponto.
Serial Funkers - Começaram com trabalhos autorais e uma proposta de Funk americano pouco vista no Brasil. Com o tempo se tornaram adeptos de releituras de músicas famosas. Na finaleira, nem se davam o trabalho de mudar o arranjo das músicas e se tornaram banda cover. Apesar disso, não tem como não mencionar a voz do Seu Jorge leadsinger, que soa bem tanto no grave quanto no falsete.
Stereosound - Será que isso é samba?
Supercombo - Típica banda indie com refrões que vão crescendo até explodir numa mensagem inspiradora. Praticamente recriaram a música Epitáfio, que foi o único cover (que eu me lembre) feito pela banda. Vocal simples, mas melodias e letras bonitas. Saiu cedo.
The Moondogs - O filho do Moacir Franco, que não sabe ouvir crítica quieto. Músicas legais, porém muito semelhantes ao estilo Beatles de ser. Difícil ser lembrado quando: 1) se tenta demais soar como outra banda; 2) se fica na sombra de uma banda lendária.
Tianastácia - Legal, porém não apresentou nada de novo. Tentou se apoiar em sucessos antigos e acabou sendo perseguida por uma semi-fama experimentada no passado. 
Versalle - Minha favorita! Começou parecendo uma versão pálida do Los Hermanos e acabou caindo na repescagem. Saiu da repescagem com uma música explosiva, voltou a andar na corda bamba (especialmente quando teve problema com playback precedendo um cover de Mutantes bem desanimado), mas depois disso só cresceu e chegou entre as três melhores (com direito à torcida do Suricato). 
Vibrações - Voz diferente, letras bonitas e reggae autêntico. Apesar disso, saiu bem cedo da competição.
Yegor y los Bandoleros - O que acontece quando há uma fusão entre Maurício Matar e Paulo Ricardo? Aparentemente um gajo performático que, vergonha alheia a parte, tem uma voz bem bonita. Só faltou originalidade.
Grupo Zueira, Leash, Trio Sinhá Flor  - Passaram em branco.
*Vale uma menção honrosa à Facção Caipira, que poderia ter seguido adiante, não fosse a ordem das bandas e o sistema de repescagem ter passado eles para trás. 
A EQUIPE
Fernanda Lima - Diva como sempre, segurou as pontas muito bem, considerando a pressão de um programa ao vivo ainda em suas temporadas iniciais. Fernanda chamou Versalle de Versalles, foi agredida pelos instrumentos musicais alheios, foi shippada com Big, pediu pra ver cueca da sorte, lembrou o Thiaguinho que ele não chegou à final do fama, se revoltou quando suas bandas queridas foram chutadas do programa e dedurou as lágrimas fake do menino Lucas/Orelha/Nuncasaberemosqueméquem.
Rafa - Teve alguns momentos WTF, mas eles se deveram em parte aos improvisos da produção, que jogava a bola pra ela quando precisava desfazer alguma burrada. Seguiu a tendência da apresentadora-auxiliar anterior e se mostrou autêntica e engraçada.
André Marques (ou o que restou dele anyways) - Seguiu o seu velho estilo prafrentex de apresentar, já conhecido do Video Show (que anda caindo pelas tabelas, por sinal).  Fez mil e uma menções a Niterói e passou cantadas nas beldades só pra causar constrangimento ounão
Thiaguinho - Críticas genéricas e autopromoção foram sua maior marca. No último programa, disse se identificar com Lucas e Orelha porque se vê cantando as músicas que eles cantam. Em suma: a maior inspiração do Thiaguinho é ele mesmo.
Sandy - Teve alguns momentos constrangedores, com dancinhas de tiazona e confusão de instrumentos (não era beatbox!), mas ela se mostrou adepta à zueira e reagiu bem ás críticas. Se mostrou corajosa na hora de atribuir seus pontos decisivos, ao invés de correr da raia como c e r t a s pessoas. Também fez algumas críticas relevantes, principalmente quanto a vocais, que são a praia dela. 
Paulo Ricardo - Fez piadinhas que ninguém entendeu, usou um penteado esquisito nos primeiros programas, e ficou com as melhores bandas. De todos os jurados, pareceu ser aquele com mais conhecimento técnico. Foi queimado por um dos vocalistas (esqueci qual), que sugeriu que Paulo não estava muito aí para as suas bandas afilhadas.

MAIORES MANCADAS

• Problemas com o telão, que decidiu não subir e pronto.
• Playback do instrumental errado na hora da apresentação da Versalle.
• Votação da Versalle sendo resetada após a valha acima mencionada.
• Veto aos vídeo-comentários do Canal Riff, que não faziam nada senão beneficiar o programa (é por essas e outras que o pessoal da websfera tem resistência com a globo).
• Nova falha do Playback, desta vez durante a ÚLTIMA APRESENTAÇÃO da Scalene.
** As casas decimais já haviam sido utilizadas na outra temporada, apesar da surpresa demonstrada pelos comentaristas twitteiros e facebooketeiros.

O QUE ACHEI DA TEMPORADA
Penso que o programa fez alguns progressos em relação à última temporada. Um exemplo destes progressos foi a oportunidade - e o propósito - dada aos técnicos, que puderam salvar alguém dando-lhe os seus 7% ao final do programa. 
Ainda acho um pouco covardia o fato de algumas bandas competirem performando músicas consolidadas, enquanto outras se esforçam em trazer novidades para o cenário musical. Ao meu ver, lugar de cover é no The Voice
Acho a função do programa bem válida, afinal dificilmente teríamos acesso - tão cedo - às bandas que nele se apresentaram.
Por fim, apesar de não gostar dos artistas que ganharam, acredito que essa temporada foi melhor que a anterior em termos de quórum (Scalene, Versalle, Supercombo, Scambo, Kita, Reverse, etc.). 

sábado, 4 de julho de 2015

SPOILING #2: resumo da 1ª temporada de Sense 8


Sense 8 é uma série de ficção científica e drama que foi lançada pela Netflix no dia 5 de junho de 2015. O tema principal do seriado é a conexão, experimentada por oito personagens nascidos exatamente ao meso tempo, que compartilham sentidos, emoções, habilidades e informações. Tudo começa com o seguinte "prólogo":
Angelica Turing aka Enfermeira do Kill Bill. Ela pertencia a um grupo (cluster) de Sensates e deu a luz aos novos 8 wi-fi humanos que protagonizam a série. Aliás, o nascimento dos sensate novos esgotou com energias da loira. Depois disso, ela comete suicídio a pedido de Jonas Brothers Maliki. 
Jonas Maliki aka cara do Lost. Ele é o pai do grupo e mozão da Agelica. Fez a  Angelica se matar, a Nomi cair da moto e o Sussurros chegar no grupo, mas as intenções dele são boas e isso é o que importa. 
Sussurros é um velho que fica bafejando na cara das pessoas e tentando manipulá-las a fim de conseguir uma troca de olhares. Caso a criatura encare ele nos olhos, ele entra em contato com a rede de sensates da pessoa mais rápido que a Nomi consegue fazer um Porsche estacionar na frente do Will.

Dada esta pequena introdução, vamos aos personagens principais.


Capheus Van Damme - Motorista de Narobi. Otimista no matter what. Quer ajudar sua mãe, que tem AIDS, a ser propriamente medicada. Para isso trabalha como um condenado dirigindo a Van (Damme), um veículo customizado que ele usa para transportar a filha de Kabaka (aka ricasso malevolente). Porque obviamente a melhor maneira de chegar a um destino discretamente é num trabuco colorido cheio de desenhos de Jean Claude. 
Sun Bak - É a Chiquinha coreana. Empresária e lutadora da cidade de Seul. Provavelmente a Sensate que causa mais estrago no seriado. Para proteger a empresa familiar dos calotes do irmão Joong Ki-Bak, assume o crime dele e vai para a prisão viver o seu momento Orange. Não se pega com ninguém, mas dá várias porradas. Ao final, seu superprotegido irmão almofadinha fica com medo de ser enrabado, descobre as crises de remorso do pai e forja o suicídio do velho. Joong Ki-Bak também acaba levando 01 pau da Sun. #melhorpau ♥ 
Nomi Marks - Hacker de San Francisco. Aparece pela primeira vez transando, porque why not? Ela só queria viver uma vida feliz e sapatônica com sua menina de nome estranho, porém levou uma vaca da moto na parada gay. Após o incidente, foi parar no hospital, onde lhe deram uma desculpa esfarrapada para justificar a lobotomia iminente. Na ocasião, ela ainda teve que aturar a mãe pentelha, que não entendeu que o filho Mike não tem mais pepeu! Nomi foi a primeira a ser stalkeada pelo Sussurros. 
Kala Dandekar - Farmacêutica de Mumbai. Pertence a uma família tradicional e está prestes a se casar com um homem que não ama. Passa metade do seriado se sentindo culpada porque seu noivo na verdade é uma candura de menino, e faz tudo por ela. A outra metade ela passa olhando pro pinto do alemão, por quem está apaixonada. Sua contribuição mais relevante foi construir uma bomba com temperos e um monte de produtos que eu não entendi direito pra falar a verdade. 
Riley Blue - DJ islandesa que mora em Londres. Na condição de DJ, ela não tem nada para oferecer ao grupo. Muito pelo contrário, muitas vezes é a pessoa que está em apuros e deixa todo mundo com o cu na mão. Perdeu o marido num acidente de carro, pariu o bebê dentro do carro capotado (ao lado do cadáver do mozão) e perdeu a mãe. Sua contribuição mais relevante foi tirar o tira (ba dum tss) do alcance do Whispers, no último episódio. 
Wolfgang Bogdanow - Arrombador que mora em Berlim. É o mais impulsivo e polêmico dos sensate. Impediu o casamento de Kala ao aparecer desnudo para ela. Arromba cofres, mata familiares, mija no túmulo do pai e explode carros com sua bazuka. Seu melhor amigo é um rapaz parecido com o Salsicha, que atende pelo nome de Felix e compra sapatos para se sentir homem. 
Lito Rodriguez - Ator que mora na Cidade do México. É gay enrustido e pega o cara do RBD (Hernando). Ajuda os outros 7 sensates usando sua facilidade em atuar/mentir. Faz filmes de ação e fala com a voz arrastada e sotaque Mexicano. É ameaçado por um cara que acha que Lito realmente está pegando sua amada Daniela (mala). Ao final, Lito salva Daniela e reconquista o coração do RBD, que tinha ficado chateado diante das prioridades distorcidas de seu bofe. 
Will Gorski - Policial residente na cidade de Chicago. Vive seu momento Celton Melo e é pego no flagra dando um beijão de língua no vento. Suspenso da polícia após entrar contato com sensates em lugares públicos, bem como insistir em investigar histórias nas quais seu chefe comedor de rosquinhas não estava muito interessado. Viaja até a Islândia para resgatar Riley da unidade de pesquisa do Sussurros (stalker), mas acaba cometendo a gafe de olhar o velho Whispers nos olhos. Agora tem que viver dopado pra cortar o contato com o Stalker. 


Sobre a Temporada
A primeira coisa que você vê é uma abertura com takes de cidades em movimento e uma música instrumental, ao melhor estilo House of Cards. Depois de dois (!) intermináveis minutos de abertura, você chega à parte que interessa.
Achei interessante essa ideia de personagens que se complementam, se conectam e compartilham feito computadores. Os acontecimentos acontecem num ritmo perfeito (nem tedioso, nem atropelado), e têm a pitada perfeita de mistério (nem óbvio, nem confuso). 
Pra não dizer que perdi meu lado cricri do dia pra noite, aqui vão alguns detalhes que me desagradaram: as nacionalidades não-americanas são extremamente estereotipadas (a asiática pratica artes marciais, a indiana é tradicionalista, etc.); às vezes o editor erra a mão no slow motion; as cenas emocionais mostrando os quatro juntos normalmente são um pouquinho cafonas, mas isto provavelmente é um problema só para mim!
Portanto, de forma geral a série é ótima e eu não vejo a hora de ter disponível a 2ª temporada, que já foi confirmada pela Netflix. Aliás, espero que a Netflix continue explorando esse formato de história, com vários enredos entrelaçados, ao melhor estilo Orange is The New Black e The Returned. Este modelo , também visto em Game of Thrones, visivelmente está ascensão, e espero que continue assim. FIQUEM DE OLHO.